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Sep 02, 2023

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Uma nova lei que busca dar aos artistas canadenses uma vantagem online deixou muitos

Uma nova lei que busca dar aos artistas canadenses uma vantagem online deixou muitos influenciadores e gigantes da tecnologia vendo no vermelho.

Eles publicaram anúncios no metrô, postaram TikToks, mas no final o placar foi Silicon Valley-0, Ottawa-1.

Depois de muitas reviravoltas e mais de dois anos e meio de revisão, o governo canadense aprovou uma nova lei que faz com que gigantes da tecnologia como YouTube e TikTok apoiem o conteúdo cultural canadense.

A lei, apelidada de Bill C-11, dá à Comissão Canadense de Rádio-televisão e Telecomunicações (CRTC) ampla autoridade para regular essas plataformas, assim como já fazem com o rádio e a televisão.

O governo diz que é necessário impedir que gigantes do streaming ganhem carona e promover artistas locais.

Embora ainda não esteja claro como serão esses regulamentos finais, a lei despertou a ira de todos, desde os TikTokers até a estimada autora Margaret Atwood.

O YouTube colocou anúncios no metrô de Toronto condenando o projeto de lei, que eles disseram que tiraria o poder dos espectadores e os criadores o colocariam nas mãos dos burocratas. A Sra. Atwood, nunca tímida com sua opinião, comparou-a à censura soviética. Alguns influenciadores canadenses até ameaçaram se mudar para os EUA.

Então, qual é a nova lei e por que ela é tão controversa?

Com um rolo compressor cultural global logo ao sul da fronteira, os canadenses há muito lutam com a questão de como garantir que o conteúdo local, como música e televisão, não seja abafado pelo brilho e glamour de sua concorrência americana.

Desde a década de 1970, o CRTC é responsável por regulamentar as emissoras, inclusive estabelecendo cotas para a quantidade mínima de conteúdo canadense que uma estação de rádio ou televisão deve reproduzir e exigindo que as emissoras gastem pelo menos 30% de sua receita produzindo conteúdo canadense.

Apelidado de "CanCon", o sistema complexo ajudou a impulsionar algumas das maiores exportações culturais do país, incluindo os músicos Celine Dion e Drake e o programa de comédia Kids in the Hall.

Mas, no século 21, os canadenses estavam permitindo que os algoritmos do Spotify, YouTube e TikTok fizessem o controle por eles. Essas importações do Vale do Silício não precisavam obedecer às mesmas regras de conteúdo canadenses, uma brecha que o governo diz que o Projeto de Lei C-11 agora fecha.

“O streaming online mudou a forma como criamos, descobrimos e consumimos nossa cultura, e é hora de atualizarmos nosso sistema para refletir isso”, disse o governo em um comunicado.

Desde o início, a lei sofreu forte oposição de grandes plataformas de tecnologia, como YouTube e TikTok, que pressionaram extensivamente o governo.

Em comunicado à BBC, o YouTube disse estar "desapontado" com a legislação, mas "continuará a apoiar nossos criadores e usuários nas próximas etapas deste processo".

Em questão com o Bill C-11 está uma cláusula que exigiria que streamers, incluindo redes sociais como YouTube e TikTok, "promovem e recomendem claramente a programação canadense, tanto nos idiomas oficiais quanto nos idiomas indígenas".

Especialistas dizem que isso poderia criar um sistema em que os YouTubers canadenses precisam provar que são canadenses o suficiente para serem vistos.

Esse sistema já existe para músicos. Chamado de sistema "MAPL", ele atribui pontos a uma música com base na nacionalidade de seu cantor, produtor, letrista e outros fatores. Os meandros de quem é canadense o suficiente irritaram tanto o famoso cantor canadense Bryan Adams que em 1992 ele lamentou: "Você nunca ouviria Elton John ser declarado não britânico".

O advento dos algoritmos apenas tornou a questão mais espinhosa. Sempre que os usuários assistem, curtem, ouvem ou compartilham algo, isso informa ao algoritmo mais sobre o que eles gostam. Quanto mais pessoas gostarem de algo, maior será o público.

Mas, para promover o conteúdo canadense, as plataformas teriam que mudar os algoritmos.

Superficialmente, isso parece dar uma vantagem aos influenciadores canadenses. Mas alguns dizem que têm medo de se envolver na burocracia e que as mudanças no algoritmo podem prejudicar, em vez de ajudar.